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Reciclando Idéias

Entendendo...

A reciclagem é conhecidamente um procedimento de tratamento de lixo urbano, visando à preservação do meio-ambiente, que enxerga o lixo como matéria-prima. Existem hoje diversas tecnologias para reaproveitamento do lixo, o processo é composto por diversas fases, mas a primeira e fundamental delas é a coleta seletiva, através da qual faz-se uma separação prévia e recolhimento do material.

O primeiro passo a ser dado é separar o lixo em lixeiros distintos, um para cada tipo de material. Convencionalmente divide-se os recipientes para lixos secos em: plástico, metal, vidro e papel (identificados através das cores vermelho, amarelo, verde e azul, respectivamente).

O lixo recolhido é entregue aos catadores e levado para um depósito, onde é triado, prensado e enfardado com o auxílio de prensas hidráulicas. Assim, diminui-se o volume do material, melhorando o uso do espaço por facilitar a organização. Os fardos separados por espécie de material são vendidos para os grandes sucateiros, estes, então, vendem às indústrias.

Processando...

Alumínio
Recicláveis: Latinhas de refrigerante, peças de carros, etc.
O processo: Após a triagem feita na usina de reciclagem, é feita uma outra com um separador eletromagnético para separar possíveis pedaços de ferro que estejam entre o alumínio. O material é picotado, então, repete-se a separação eletromagnética e uma “peneira vibratória” é usada para tirar pequenos resíduos como a areia, e um “separador pneumático”, através de jatos de ar, retira resíduos como papéis e plásticos. Feito isso, o alumínio é colocado num forno que realiza a retirada de tintas e vernizes. Em seguida, o material é levado ao forno para a fusão, transformando-se em metal líquido e, posteriormente, em chapas de alumínio prontas para a reutilização na indústria.

Papel
Recicláveis: Papel pra escrita, cartolina, cartão, etc. Não-recicláveis: Papel vegetal, carbono, papel higiênico usado, papel engordurado, etc.
O processo: A reciclagem do papel assemelha-se à fabricação papel-virgem, ou seja, junta-se fibras de celulose, evita-se a entrada excessiva de água e usar-se de pigmentos e cargas para aumentar a qualidade do papel. No processo de reciclagem introduz-se a etapa da purificação do material. O papel é transformado numa pasta e as impurezas são removidas com uma série de lavagens, a secagem é feita através dos métodos da prensagem e ventilação com ar aquecido.

Vidro
Recicláveis: Garrafas, copos, embalagens, vasilhames, etc. Não-recicláveis: espelhos, lâmpadas, tubos de tv, vidros planos (portas, janelas, tampos de mesa), cristais, porcelana, entre outros.
O processo: O vidro é o mais complicado e mais necessário material a ser reciclado, por ser um material não-degradável (ou seja, ele não se decompõe quando lançado na natureza) e tem que ser minuciosamente purificado.
O vidro é submetido a um eletroímã para separação dos metais contaminantes. Em seguida, é lavado em um tanque com água. Passa, então, por uma esteira para catação de impurezas, como pedras, plásticos e vidros indesejáveis que ainda não tenham sido retidos anteriormente. Um triturador transforma o material em cacos de tamanhos homogêneos, e compacta-se o máximo possível para o armazenamento.

Plástico
Recicláveis: Garrafas PET, sacolas plásticas, papel filme, entre outros. Não-recicláveis: Botões de rádio, pratos, canetas, bijuterias, cabos de panela, etc.
O processo: Todo o material é moído, em seguida, o plástico é lavado em tanques. Alguns tipos de plástico, que são muito leves, passam pelo aglutinador para ganhar densidade, através de um choque térmico. Por fim, o material passa pelo processo de secagem com um grande ventilador, e são armazenados.


Clarissa Santos

''Eles não procuram ver a nossa realidade''


A coleta e reciclagem de lixo em Campina Grande é realizada por poucas entidades, dentre elas a Cata Mais (Cooperativa dos Catadores de Material Reciclável de Campina Grande) procura manter-se com pouco ou nenhum apoio. Em uma visita noturna à sede localizada na rua Almeida Barreto, conversamos com o Secretário de Finanças do grupo, Guilherme Torres que nos falou sobre a cooperativa e também trabalhos de artesanato com materiais reciclados.

- -Como funciona a Cata Mais?
- Guilherme: Nosso trabalho baseia-se em na coleta de materiais, separá-los e vendê-los a indústrias. Aqui o material é separado e vendido por kg, para o atravessador, que nada mais é que alguém com um caminhão, que revende o material para alguma empresa. Nós ganhamos uma proporção de, por exemplo, vender o kg da garrafa pet a R$0,60, o atravessador vende a R$0,90 e depois de reciclado, moído sido realizada uma limpeza, o kg do pet chega a R$6,50 na indústria.

- -Em que consiste o seu trabalho?
- Guilherme: Minha função na cooperativa é estritamente burocrática, mas além disso eu faço artesanato com materiais que não são utilizados na venda para as indústrias. Utilizo materiais como fundo de garrafas pet, varetas de sombrinhas, palitos de picolé, antenas de TV, folhas de transparências, entre outros. Eu moro aqui e durante a noite, quando tenho tempo, realizo estes tipos de trabalho.
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- -São utilizadas máquinas no trabalho da cooperativa?
- Guilherme: Nós temos uma prensa que está parada, para a utilização da máquina são necessários 90 litros de óleo. Por falta de capital financeiro nós não a usamos.

- -A Cooperativa tem envolvimento em algum projeto social?
- Guilherme: Temos a intenção de fazer um trabalho com os filhos dos catadores, que além de ser educativo leva os garotos a lidarem com o material que seus pais trabalham.


Dois dias depois, voltamos à cooperativa sob a luz do dia e conversamos com o catador José Walter dos Santos sobre o dia-a-dia dos membros da Cata Mais e sobre alguns problemas enfrentados pelo grupo.

- -Como é realizado o trabalho diário dos catadores?
- José: Nós recolhemos materiais em casas, cada semana vamos em bairros diferentes, trazemos o material nos carrinhos, separamos, pesamos para serem vendidos depois.
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- -Quais são os materiais que vocês recolhem?
- José: Garrafa pet, papel, papelão, plástico, lata de óleo e de refrigerante, recipiente de xampu e de vinagre...

- -Qual a ligação da Cata Mais com o COTRAMARE (Unidade de Reciclagem de Materiais da Cooperativa de Trabalhadores em Materiais Recicláveis de Campina Grande)?
- José: Nós começamos como Cotramare, mas nos separamos por conta de desentendimentos, eles ficaram com o nome e levaram o moedor, com o trator e nós ficamos aqui com o nome de Cata Mais.

- -Vocês tem algum tipo de apoio?
- José: Quem nos apóia é a UEPB e o Governo do Estado, mas o Governo é mais no nome. A Universidade que nos deu os Carros-de-mão, eles iam nos ajudar com um moedor, mas nós não temos capital financeiro para utilização da máquina, então preferimos os carrinhos. O presidente da cooperativa – meu irmão José Wanderley - já foi na prefeitura atrás de apoio, mas não conseguiu falar com o prefeito. A prefeitura deveria nos apoiar, nós recolhemos grande parte do material que deveria ser trabalho deles e não temos nenhum apoio. Nós recolhemos o material para ser reciclado, o material que não é recolhido cai no meio ambiente, quando o lixo é aterrado produz o chorume que faz muito mal a natureza...

- Na época eleitoral que estamos vivendo, há alguma mudança no dia-a-dia da cooperativa? Receberam alguma visita ou promessas?
- José: Não, na TV os candidatos falam muito de lixo, catação, mas nenhum deles veio aqui. Eles não procuram ver a realidade que vivemos.

- Quantos catadores trabalham aqui?
- José: Ao todo são 23 catadores, mas atualmente só 11 trabalham aqui, os outros estão no lixão. Eles ainda não tem a mentalidade de reciclagem, a gente fez um curso de reciclagem com a professora Jussara Carneiro a UEPB e entendemos como separar, como moer, o tempo que o plástico demora para decompor...

- Você sofrem algum tipo de preconceito?
- José: Preconceito... Não, não sinto não. As pessoas nos recebem muito bem nas casas e nós também as tratamos bem. Tem até uma união do catador com a dona de casa. Quando a gente não passa em algum canto elas sentem nossa falta, no outro dia perguntam ''Cadê você que não veio aqui ontem?'' (Risos)

Sandro Vespa

Arte e reciclagem, uso criativo de material


O que vem a ser lixo? Segundo os dicionários: Lixo é tudo aquilo que não serve mais ao homem, devendo este jogá-lo fora.

Será que é tão simples assim?

A verdade é que não. Hoje essa idéia é facilmente refutada. Taxar algo como sendo lixo é completamente fora de questão quando nos atemos ao período de pré-escassez dos recursos naturais que estamos vivendo. Logo, o que se tem não pode ser chamado tão somente de lixo. O que sobra realmente do uso (diga-se de passagem, mau-uso) humano destes recursos é um material rico que pode ser reutilizado de inúmeras formas.

Reciclar por reciclar tornou-se lema de ambientalistas com o intuito de tentar amenizar o evidente processo de degradação ambiental para o qual nosso planeta caminha. E é no embalo dessas idéias ecologicamente corretas, que muitos artistas, artesãos, estilistas e designers encontraram uma nova e interessante forma de expressão artística e, claro, de ganhar dinheiro também.

A fusão da arte com a reciclagem tem gerado uma gama de objetos de bom gosto e que são prestigiados por críticos de arte especializados. A exposição Lixo Panorâmico (Madri, 2006) mostrou uma série de objetos arquitetônicos feitos a partir de material reciclado. Nesse contexto, a reciclagem não fica só no campo dos materiais utilizados nos trabalhos, ela invade o campo das idéias também. As esculturas verdes do escultor Patrick Dougherty são exemplos interessantes disso; o artista faz uso de pequenas mudas de plantas que, ao crescerem, dão as formas lúdicas de seu trabalho.

Estilistas também vêm mostrando o potencial do material descartável também no mundo da moda; a exemplo do Fashion Rio primavera-verão 2008-2009, cujo tema é “repensar, reciclar, renovar”. Mas não só nas grandes passarelas é que a reciclagem ganhou espaço; primeiro ela começou nos bairros da periferia, onde artesão locais começaram a aplicar material reaproveitado em bolsas e roupas. A exemplo das tampinhas de refrigerante que são empregadas em desenhos e em feixes de bolsas e acessórios
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Um processo de criação intenso também é empregado na elaboração dos lindos quadros feitos com filtro de café e cujo passo a passo se encontra aqui (para aqueles que quiserem começar a enveredar pelo ramo). A decoração de casas é realmente um dos pontos que mais chamam a atenção de amantes da arte reciclada. A infinidade de objetos que podem ser feitos a partir de descartáveis, como garrafas pet, é quase ilimitada. A artista Denise Mennella é especialista em elaboração de objetos de decoração e artesanato com material descartável, já tendo mostrado o seu trabalho em exposições e em programas de TV, como o Mais Você, da rede Globo. Em seu site, o Lixoarte, ela apresenta o seu portfólio, oferece cursos e fala sobre a importância da arte e da reciclagem como meio de preservação de uma vida saudável, tudo com muita originalidade.

E o que dizer da criatividade sensacional do trabalho de Vik Muniz (artista nascido no Brasil e residente em Nova York)? Seu trabalho é de encher os olhos e a diversidade de materiais recicláveis usados é uma característica que pesa a favor da composição da maior parte de suas obras.

À medida que artistas se unem a empresas e se voltam para a reciclagem como alternativa também de um negócio economicamente viável, ocorre um fenômeno em cadeia: cooperativas são ativadas, que por sua vez movimentam projetos sociais – como o projeto de coleta seletiva implantado na universidade UPIS, em Brasília, onde todo o papel recolhido é encaminhado a uma associação local de artesãos – gerando empregos e desta forma todos saem ganhando: artista, empresa, artesão e o mundo.

Aqui mesmo, em Campina Grande, também encontramos exemplos de pessoas que usando de muita inventividade fazem trabalhos magníficos com materiais que, caso não fossem reutilizados, acabariam por poluir ainda mais o meio ambiente. É o caso do artesão Guilherme Torres, cujo trabalho artístico também serve de porta de entrada para um projeto social com jovens da cidade (confira a produção do artista em nossa galeria) .


Alisson Modesto

Lixo ganha outros rumos graças às novas técnicas de reaproveitamento.

A reciclagem toma novos rumos e maiores projeções devido às grandes possibilidades tecnológicas e a preocupação cada vez maior com a questão da degradação ambiental. Muitas tecnologias vêm sendo utilizadas em vários países do mundo, inclusive no Brasil que é o recordista mundial em reciclagem de latas de alumínio, atingindo 97% de reaproveitamento. Novas tecnologias de reciclagem já adentram diversas áreas estruturais, a exemplo da construção civil, nesta foi descoberto que caixas de leite longa-vida servem perfeitamente como isolante térmico, pois sua composição condensa vários materiais, inclusive o alumínio que atua refletindo os raios solares que entram nos telhados das casas.

São utilizadas cerca de seis caixas por metro quadrado, o que torna o isolante reciclado muito mais econômico que as mantas isolantes convencionais, além de também gerar oportunidades de emprego e renda à população. Alguns materiais que antes não eram reaproveitados atualmente estão no mercado para venda e fabricação em grande escala.

O isopor, por exemplo, gera um impacto ambiental significante, causa grande emissão de gases poluentes e leva mais de cem anos para se decompor, entretanto, não havia uma forma eficiente de reciclagem, era queimado por grandes fábricas ou jogado nas ruas pela própria população e por ser um material muito leve não era visado pelos catadores. Porém, atualmente a reciclagem é possível a partir de uma tecnologia que submete o isopor a uma temperatura elevada, o que uni as moléculas recompondo o mesmo material que poderá assim ser reutilizado.
Na Alemanha foi elaborada uma lei que obriga as empresas que utilizam polímeros, a incluírem na sua produção matéria prima reciclada, o que diminuiu a emissão de poluentes no meio ambiente e levou outras empresas a utilizarem outros materiais que não atingissem tanto a natureza. Para conter a grande emissão de CFC’s (gases que destroem a camada de ozônio), algumas empresas automobilísticas já estão utilizando tintas na reciclagem das peças fazendo com que já sejam fabricadas na cor desejada, não havendo assim necessidade de uma tintura externa de spray, que é um dos maiores emissores de gases poluentes na camada de ozônio.

Com o agravamento dos problemas ambientais, empresas mundiais como a Sony desenvolveram estudos para aliar a tecnologia e preservação do meio ambiente. Criou-se então uma estratégia inovadora para fabricação de plástico. Os produtos “odo” tem seus componentes plásticos fabricados a partir de vegetais plantados em estufas e reflorestados pela própria empresa, estes materiais já são utilizados em seis segmentos de produtos da empresa, dentre eles CDs, câmeras digitais e filmadoras.

Além da Sony, outras empresas como a Faber Castell têm desenvolvido projetos de cunho ambiental, como a fabricação de materiais escolares ecologicamente sustentáveis. Onde a quantidade de árvores utilizadas seja equivalente ao numero de árvores utilizada para fabricação de produtos. Há uma consciência ambiental cada vez maior por parte da sociedade.

Recentemente um mecânico de Uberaba, Alfredo Moser, desenvolveu uma forma de iluminação ecológica a partir de garrafas pet e água. Basta encher a garrafa pet com água e isolar o bico com duas tampas de água sanitária e potinho de filme fotográfico para proteger a tampa do sol e instalar no teto do local. A iluminação alternativa instalada pelo Sr. Alfredo equivale a uma lâmpada entre 40 e 60w, sem gastar um centavo com energia elétrica. A solução se espalhou e hoje vários estabelecimentos adototaram a alternativa.

Se o homem souber utilizar os recursos da natureza, poderemos ter, muito em breve, um mundo mais limpo e mais desenvolvido. Desta forma, poderemos conquistar o tão sonhado desenvolvimento sustentável do planeta.


William Gross

Reciclagem: de onde veio e pra onde vai

O tratamento e o destino final do lixo urbano sempre foi uma preocupação dos municípios e principalmente das organizações governamentais e não governamentais ligadas a área de saneamento ambiental. Na maioria dos municípios brasileiros de pequeno porte a administração se limita a varrer os logradouros e recolher o lixo domiciliar de forma nem sempre regular depositando-o em locais afastados da vista da população sem maiores cuidados sanitários. Essa situação é provocada tanto pela falta de consciência das autoridades municipais com a problemática do lixo urbano quanto pelas dificuldades financeiras que impedem a aquisição de equipamentos necessários e disponíveis no mercado para coleta, compactação, transporte e destinação dos resíduos sólidos.

As conseqüências desses procedimentos são graves como, por exemplo, o assoreamento de rios e canais devido ao lançamento de detritos nesses locais, a contaminação de lençóis de água comprometendo seu uso domiciliar, a poluição da atmosfera, com o desprendimento de gases e o mau cheiro, a proliferação de insetos e roedores transmissores de doenças, e o problema da presença de catadores nos locais onde os resíduos sólidos são depositados a céu aberto, os conhecidos “lixões”.

Já faz parte também do senso comum, principalmente nos grandes centros, a percepção de que os resíduos sólidos (domiciliar, industrial ou agrícola) são uma das mais sérias formas de desperdício no país.


  • História

Ainda que a reciclagem possa parecer um conceito moderno introduzido com o movimento ambiental da década de 70, ela já existe de fato há cerca de milhares de anos. Antes da era industrial, você não conseguia produzir bens rapidamente e com baixo custo; assim, virtualmente todos praticavam a reciclagem de alguma forma. Os programas de reciclagem de larga escala, porém, eram muito raros: eram os moradores das casas que predominantemente a praticavam.


Nas décadas de 20 e 30, a conservação e a reciclagem se tornaram muito importantes na sociedade Norte-Americana e em muitas outras partes do mundo. Depressões econômicas fizeram do reaproveitamento uma necessidade para muitas pessoas sobreviverem, já que elas não podiam pagar por bens novos. Na década de 40, produtos como o náilon, a borracha e muitos metais eram racionados e reciclados para ajudar a suportar o esforço da guerra. Porém, a explosão econômica dos anos pós-guerra causou o fim do conservacionismo na consciência da sociedade dos EUA, e o consumismo exacerbado (que para eles era sinônimo de patriotismo) fez com que as pessoas esquecessem da idéia de reciclagem e racionamento.

Só no movimento ambiental das décadas de 60 e 70, preconizado pelo primeiro Dia da Terra, em 1970, que a reciclagem novamente se tornou uma idéia corrente. Apesar de ter sofrido alguns anos de baixa (por causa da aceitação do público e do mercado de bens reciclados, que estava estagnado), mesmo assim, era possível notar, ano após ano, a crescente popularização da idéia de reaproveitamento do lixo doméstico.


  • No Brasil

A atividade de reciclagem no Brasil se confunde com as próprias origens da fabricão de papel no País, iniciada há mais de 100 anos. Nessa ocasião, a quase totalidade das necessidades brasileiras de papel, em seus diferentes tipos, eram supridas por fornecedores do exterior. Como o preço era muito alto, em uma determinada ocasião a industria brasileira (ou a semente da mesma) começou a pegar os papéis estrangeiros e reutilizá-los de outras formas, criando a idéia de reaproveitamento, que, por sua vez, levou à reciclagem. Verifica-se, assim, que a atividade de reciclagem de papel no Brasil tem seu fundamento em questões de natureza essencialmente econômicas.

Em tempos recentes, a reciclagem de papel vem apresentando um destaque crescente, na medida em que contribui para a preservação e conservação do meio ambiente e para a solução da questão da destinação dos lixos urbanos. Hoje, o Brasil, mesmo quando comparado a alguns países desenvolvidos, apresenta elevados índices de reciclagem. O país desenvolveu métodos próprios para incrementar essa atividade e o maior engajamento da população pode contribuir ainda mais, para o aumento do índice de embalagens reaproveitadas.

Aqui vão alguns dados estatísticos:

* 33% do papel que circulou no País em 2004 retornou à produção através da reciclagem. Esse índice corresponde à aproximadamente 2 milhões de toneladas. A maior parte do papel destinado à reciclagem, cerca de 86%, é gerado por atividades comerciais e industriais.

* 46% das embalagens de vidro são recicladas no Brasil somando 390 mil ton/ano. Desse total, 40% são oriundos da indústria de envaze, 40% do mercado difuso, 10% do “canal frio” (bares, restaurantes, etc) e 10% do refugo da indústria.

* 22% foi a taxa de reciclagem de Embalagens Longa Vida no Brasil em 2004 totalizando cerca de 35 mil toneladas. Cada tonelada de embalagem cartonada reciclada gera, aproximadamente, 680 quilos de papel kraft.

* 47% das latas de aço consumidas no Brasil em 2003 foram recicladas, chegando a 78% o índice de reciclagem de carbonatadas. Em 2004, o Brasil reciclou 9 bilhões de latas de alumínio, que representa 121 mil toneladas.

* 16,5% dos plásticos rígidos e filme são reciclados em média no Brasil, o que equivale a cerca de 200 mil toneladas por ano. O Brasil ocupa o 4º lugar na reciclagem mecânica do plástico, ficando atrás, apenas da Alemanha, Áustria e EUA.

* O índice de reciclagem brasileiro do PET é de 48%, um dos maiores do mundo, superando Japão (36,7%), Austrália (31,5%), Europa (24%), Estados Unidos (21,6%), Argentina (13,7%) e México (6,5%).

* Fonte: http://www.abre.org.br/index.php


Daniel Magalhães