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Reciclagem: de onde veio e pra onde vai

O tratamento e o destino final do lixo urbano sempre foi uma preocupação dos municípios e principalmente das organizações governamentais e não governamentais ligadas a área de saneamento ambiental. Na maioria dos municípios brasileiros de pequeno porte a administração se limita a varrer os logradouros e recolher o lixo domiciliar de forma nem sempre regular depositando-o em locais afastados da vista da população sem maiores cuidados sanitários. Essa situação é provocada tanto pela falta de consciência das autoridades municipais com a problemática do lixo urbano quanto pelas dificuldades financeiras que impedem a aquisição de equipamentos necessários e disponíveis no mercado para coleta, compactação, transporte e destinação dos resíduos sólidos.

As conseqüências desses procedimentos são graves como, por exemplo, o assoreamento de rios e canais devido ao lançamento de detritos nesses locais, a contaminação de lençóis de água comprometendo seu uso domiciliar, a poluição da atmosfera, com o desprendimento de gases e o mau cheiro, a proliferação de insetos e roedores transmissores de doenças, e o problema da presença de catadores nos locais onde os resíduos sólidos são depositados a céu aberto, os conhecidos “lixões”.

Já faz parte também do senso comum, principalmente nos grandes centros, a percepção de que os resíduos sólidos (domiciliar, industrial ou agrícola) são uma das mais sérias formas de desperdício no país.


  • História

Ainda que a reciclagem possa parecer um conceito moderno introduzido com o movimento ambiental da década de 70, ela já existe de fato há cerca de milhares de anos. Antes da era industrial, você não conseguia produzir bens rapidamente e com baixo custo; assim, virtualmente todos praticavam a reciclagem de alguma forma. Os programas de reciclagem de larga escala, porém, eram muito raros: eram os moradores das casas que predominantemente a praticavam.


Nas décadas de 20 e 30, a conservação e a reciclagem se tornaram muito importantes na sociedade Norte-Americana e em muitas outras partes do mundo. Depressões econômicas fizeram do reaproveitamento uma necessidade para muitas pessoas sobreviverem, já que elas não podiam pagar por bens novos. Na década de 40, produtos como o náilon, a borracha e muitos metais eram racionados e reciclados para ajudar a suportar o esforço da guerra. Porém, a explosão econômica dos anos pós-guerra causou o fim do conservacionismo na consciência da sociedade dos EUA, e o consumismo exacerbado (que para eles era sinônimo de patriotismo) fez com que as pessoas esquecessem da idéia de reciclagem e racionamento.

Só no movimento ambiental das décadas de 60 e 70, preconizado pelo primeiro Dia da Terra, em 1970, que a reciclagem novamente se tornou uma idéia corrente. Apesar de ter sofrido alguns anos de baixa (por causa da aceitação do público e do mercado de bens reciclados, que estava estagnado), mesmo assim, era possível notar, ano após ano, a crescente popularização da idéia de reaproveitamento do lixo doméstico.


  • No Brasil

A atividade de reciclagem no Brasil se confunde com as próprias origens da fabricão de papel no País, iniciada há mais de 100 anos. Nessa ocasião, a quase totalidade das necessidades brasileiras de papel, em seus diferentes tipos, eram supridas por fornecedores do exterior. Como o preço era muito alto, em uma determinada ocasião a industria brasileira (ou a semente da mesma) começou a pegar os papéis estrangeiros e reutilizá-los de outras formas, criando a idéia de reaproveitamento, que, por sua vez, levou à reciclagem. Verifica-se, assim, que a atividade de reciclagem de papel no Brasil tem seu fundamento em questões de natureza essencialmente econômicas.

Em tempos recentes, a reciclagem de papel vem apresentando um destaque crescente, na medida em que contribui para a preservação e conservação do meio ambiente e para a solução da questão da destinação dos lixos urbanos. Hoje, o Brasil, mesmo quando comparado a alguns países desenvolvidos, apresenta elevados índices de reciclagem. O país desenvolveu métodos próprios para incrementar essa atividade e o maior engajamento da população pode contribuir ainda mais, para o aumento do índice de embalagens reaproveitadas.

Aqui vão alguns dados estatísticos:

* 33% do papel que circulou no País em 2004 retornou à produção através da reciclagem. Esse índice corresponde à aproximadamente 2 milhões de toneladas. A maior parte do papel destinado à reciclagem, cerca de 86%, é gerado por atividades comerciais e industriais.

* 46% das embalagens de vidro são recicladas no Brasil somando 390 mil ton/ano. Desse total, 40% são oriundos da indústria de envaze, 40% do mercado difuso, 10% do “canal frio” (bares, restaurantes, etc) e 10% do refugo da indústria.

* 22% foi a taxa de reciclagem de Embalagens Longa Vida no Brasil em 2004 totalizando cerca de 35 mil toneladas. Cada tonelada de embalagem cartonada reciclada gera, aproximadamente, 680 quilos de papel kraft.

* 47% das latas de aço consumidas no Brasil em 2003 foram recicladas, chegando a 78% o índice de reciclagem de carbonatadas. Em 2004, o Brasil reciclou 9 bilhões de latas de alumínio, que representa 121 mil toneladas.

* 16,5% dos plásticos rígidos e filme são reciclados em média no Brasil, o que equivale a cerca de 200 mil toneladas por ano. O Brasil ocupa o 4º lugar na reciclagem mecânica do plástico, ficando atrás, apenas da Alemanha, Áustria e EUA.

* O índice de reciclagem brasileiro do PET é de 48%, um dos maiores do mundo, superando Japão (36,7%), Austrália (31,5%), Europa (24%), Estados Unidos (21,6%), Argentina (13,7%) e México (6,5%).

* Fonte: http://www.abre.org.br/index.php


Daniel Magalhães

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